sábado, 14 de fevereiro de 2009

Bissoneto

Desfilo pelas ruas
minha expressão amarga de poeta
Pois estes têm as faces nuas
no Japão ou na ilha de Creta.

Não adianta maquiagem
que disfarce nossas rugas
Não é medo nem chantagem
Somos como as tartarugas

que têm o casco duro.
Nada modela nossa face
e alívio não traz o ar puro.

Comemos brócolis e alface
batemos a cara contra o muro
não temos instrumento com que se cace

Nem faca nem arpão.
E também não temos
ingredientes para o pão.
No limbo ardemos.

Não há máscara que esconda
nosso rosto de molusco
Vai e vem a onda
na madrugada e no lusco-fusco.

Somos deuses pecadores.
Não nos adaptamos a esse mundo.
Somos disformes tratores

somos vis e vagabundos.
Espalhamos terrores
como um pobre corcundo.

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